O Processo de Luto e suas Vicissitudes

A travessia do luto é um processo único, individualizado e multifacetado — e não uma doença. O luto pode se iniciar diante de uma ameaça ou da perda de um vínculo afetivo. Estamos vivendo um momento em que as dores estão sendo banalizadas e, assim, o processo de luto não é legitimado. A pessoa enlutada não consegue refugiar-se em si mesma, por considerar isso inadequado ou até vergonhoso, quando, na realidade, deveríamos ter paciência, compaixão conosco e buscar o autoconhecimento.
O significado do processo de luto abarca um conjunto de reações, como, por exemplo, pensamentos de descrença, sentimentos de tristeza e saudade. Muitas vezes, o corpo manifesta esse sofrimento por meio de distúrbios como falta de apetite, insônia e isolamento social.
John Bowlby, em seu livro Apego, afirma que quanto maior o vínculo com o objeto perdido (que pode ser uma pessoa, um animal, uma fase da vida, o status social, etc.), maior será o sofrimento causado pelo luto.
O luto é um processo que requer tempo e implica uma readaptação à realidade sem a presença da pessoa que se foi e que era significativa. O que diferencia um processo de luto considerado normal de um mais complicado é a intensidade, a frequência e a duração das reações do indivíduo diante da perda, as quais podem passar a afetar todas as demais áreas da vida da pessoa enlutada.
Elisabeth Kübler-Ross descreve que esse processo possui cinco fases distintas:
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Negação: é a primeira reação diante da perda — um momento de choque, incredulidade e até confusão;
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Raiva: surge quando a negação começa a dissipar-se e a realidade começa a se manifestar;
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Barganha: caracteriza-se por uma tentativa de negociação com a realidade da perda, muitas vezes com um poder superior;
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Depressão: fase de tristeza profunda e, frequentemente, de isolamento;
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Aceitação: quando a dor começa a dar lugar a um novo aprendizado — o de lidar com a perda e, a partir daí, dar um novo significado à vida.
Para atravessar esse momento, é fundamental buscar ajuda profissional e permitir-se um espaço de acolhimento para reelaborar a ausência e construir novos significados.
Cito ainda alguns filmes que podem contribuir nesse processo: Tempo de Recomeçar e Amor Além da Vida.
Nara Pontalti Paraboni
CRP 07/04853